O governo confirmou, no início da tarde desta quinta-feira (27), que o deputado federal Aldo Rebelo é o novo ministro do Esporte. Ele entra no lugar de Orlando Silva, que deixou a pasta em meio a acusações de participação em um esquema de corrupção no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Segundo o que o deputado teria dito a amigos, ele assumirá a pasta e encarará o trabalho como uma missão.
O nome de Aldo vinha sendo especulado desde a tarde de quarta e, nesta manhã, ficou claro que ele assumiria o cargo quando o próprio Orlando Silva desejou "boa sorte" ao colega de partido pelo Twitter. Também antes da confirmação, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), elogiou Rebelo. “É um político de grande envergadura, militante, leal às causas populares”, disse. Vaccarezza negou que a conduta de Aldo durante a relatoria do Código Florestal – na qual ele entrou em conflito com o governo Dilma Rousseff mais de uma vez – possa trazer algum problema no futuro. “O Código Florestal foi um item único, um episódio. Não podemos julgar as pessoas por um episódio”, disse.
Também na quarta-feira, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que a tendência era o Ministério do Esporte continuar com o PCdoB. A pasta é motivo interesse de diversos partidos pois é a responsável por cuidar da organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.
Orlando Silva se tornou o sexto ministro a sair do governo em menos de um ano. Foram quatro ministros que saíram após denúncias de corrupção (Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi e Pedro Novais), e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que caiu após declarações polêmicas quie desagradaram a cúpula do governo.
A situação política de Orlando Silva piorou na terça-feira (25), depois que a ministra Cármen Lúcia, do STF, determinou a abertura de inquérito para investigar as denúncias de corrupção e desvio de verbas públicas contra Orlando Silva, atendendo pedido feito na semana passada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Orlando Silva se tornou, assim, ministro investigado, uma condição considerada insustentável pelo Planalto.
As denúncias contra o ministro partiram do policial militar João Dias Ferrreira, dono de ONGs que tinham convênios com o Ministério do Esporte. João Dias acusou o ministro de ser o principal beneficiário de um esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo. Na segunda-feira, João Dias entregou à Polícia Federal treze arquivos de áudio que, segundo ele, comprovariam a existência do esquema. Nas gravações, no entanto, não aparece a voz do ministro. Também na segunda-feira, o PM afirmou que tentaria convencer outros 20 donos de ONGs a fazer uma denúncia conjunta contra o ministro.
Revista Época